Cuidado de Saúde no Conforto do Seu Lar: Descomplicando o Serviço de Atenção Domiciliar (SAD)
Imagine poder receber cuidados e tratamentos sem precisar sair do aconchego do seu lar. Parece um sonho, não é? Pois bem, essa é a realidade do Serviço de Atenção Domiciliar (SAD), um programa pensado para simplificar o acesso à saúde e trazer mais conforto para pacientes e suas famílias.
Pense no SAD como uma extensão do hospital ou da unidade de saúde, só que dentro da sua casa. Assim como você pode preferir se recuperar de uma gripe no seu sofá em vez de ficar em um leito hospitalar, o SAD oferece essa possibilidade para diversos tipos de cuidados.
Por que o SAD é importante?
O SAD tem alguns objetivos bem claros e importantes para o sistema de saúde e, principalmente, para você:
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Menos idas ao hospital: Sabe aquela situação em que você precisa ir ao hospital para um tratamento que poderia ser feito em casa? O SAD busca reduzir essa necessidade, permitindo que você receba os cuidados adequados no seu ambiente.
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Alta mais rápida: Se você está internado, mas já pode continuar o tratamento em casa com segurança, o SAD permite que você volte para o lar mais cedo, diminuindo o tempo de permanência no hospital.
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Cuidado mais humano e com mais autonomia: No SAD, você e sua família participam ativamente do processo de cuidado, o que aumenta a sua independência e torna o tratamento mais acolhedor. É como ter mais controle sobre a sua própria saúde no seu próprio espaço.
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Otimização dos recursos de saúde: Ao cuidar de pessoas em casa quando possível, o SAD ajuda a reduzir a dependência de hospitais e a utilizar os recursos financeiros e estruturais da saúde de forma mais eficiente.
Como funciona o SAD? Existem "níveis" de cuidado em casa?
Sim! O SAD é organizado em três modalidades, como se fossem diferentes "níveis" de atenção, cada um adequado a diferentes necessidades:
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AD 1 (Atenção Domiciliar 1): Pense nesse nível como um cuidado mais básico, para quem precisa de intervenções menos frequentes e com menor necessidade de uma equipe de vários profissionais. Esse cuidado geralmente é feito pelas equipes dos postos de saúde.
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AD 2 (Atenção Domiciliar 2): Essa modalidade é para quem precisa de um acompanhamento mais próximo, talvez para evitar uma internação ou para ter alta do hospital mais rápido. O atendimento aqui é responsabilidade do próprio SAD.
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AD 3 (Atenção Domiciliar 3): Esse é o nível para quem necessita de um cuidado multiprofissional mais frequente, que pode envolver o uso de equipamentos ou procedimentos mais complexos.
Como o paciente entra para o SAD? A "Ficha Mágica" (FAE)
Para saber qual o nível de cuidado domiciliar mais adequado para cada pessoa, existe um instrumento chamado Ficha de Avaliação de Elegibilidade e Admissão (FAE). É como uma "ficha de inscrição" detalhada que ajuda os profissionais a entenderem as necessidades do paciente.
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Quem usa a FAE? Enfermeiros, fisioterapeutas e médicos são alguns dos profissionais que utilizam essa ficha.
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Quando a FAE é preenchida? A FAE deve ser preenchida sempre que um paciente é admitido no SAD, mesmo que a avaliação conclua que ele não é elegível para o serviço naquele momento. É como fazer um "check-in" completo para entender a situação.
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Por que preencher mesmo se não for elegível? Até mesmo para procedimentos simples, como a aplicação de um antibiótico em casa, é preciso passar pela avaliação da FAE antes de ser registrado na Ficha de Atendimento Domiciliar (FAD).
O que pode impedir alguém de ser atendido pelo SAD?
Existem alguns critérios que podem tornar um paciente inelegível para o SAD, como:
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Morar fora da área de atendimento do serviço.
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Não querer receber a assistência do SAD (recusa do paciente ou da família).
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Não ter energia elétrica segura e estável, caso precise de aparelhos elétricos para sobreviver.
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Morar em uma área muito perigosa que impeça a equipe de ir até a residência com segurança.
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Não ter alguém para ajudar nos cuidados, caso o paciente precise de auxílio de terceiros.
Como se define o nível de cuidado (AD2 ou AD3)?
Além dos critérios gerais, existem indicações clínicas que direcionam o paciente para os níveis AD2 ou AD3, como:
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Agravamento de doenças crônicas que precisam de acompanhamento de vários profissionais em casa.
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Feridas difíceis de tratar que precisam de avaliação semanal.
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Necessidade de reabilitação após cirurgias, fraturas ou internações longas.
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Uso de antibióticos ou outras medicações injetáveis em casa, desde que o paciente esteja clinicamente estável.
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Bebês prematuros com baixo peso que precisam ganhar peso.
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Necessidade diária de curativos complexos ou medicações injetáveis (AD2).
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Necessidade de tratamentos de alta complexidade em casa, como transfusão de sangue, diálise, ventilação mecânica, ou cuidados paliativos para controle de sintomas graves (AD3).
Além das condições clínicas, a avaliação também leva em conta outros aspectos importantes da vida do paciente:
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Histórico de internações e idas à emergência: Se o paciente precisou muito do hospital ou da urgência nos últimos meses, isso pode indicar uma necessidade maior de cuidado em casa.
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Tempo de permanência no hospital: Internações mais longas também podem ser um indicativo.
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Vulnerabilidade social: A situação social do paciente, como o número de pessoas morando na casa e o número de cômodos, é levada em consideração.
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Suporte familiar: Se o paciente tem uma rede de apoio familiar adequada para ajudar nos cuidados.
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Capacidade de se cuidar: A capacidade do paciente de tomar banho, se alimentar e se locomover sozinho.
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Uso de muitas medicações: O uso de cinco ou mais medicamentos de uso contínuo também é um ponto a ser avaliado.
A soma de pontos nesses diferentes aspectos ajuda a classificar o paciente nas modalidades AD1, AD2 ou AD3.
Depois da admissão: A Ficha de Atendimento Domiciliar (FAD)
Uma vez que o paciente é admitido no SAD, os profissionais que o atendem utilizam a Ficha de Atendimento Domiciliar (FAD) para registrar cada visita e procedimento realizado. É como um "diário de bordo" do cuidado em casa, onde são anotadas informações importantes como o motivo do atendimento e os cuidados realizados.
E qual o resultado esperado do SAD?
O SAD busca alcançar alguns resultados importantes:
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Alta clínica: Quando o paciente se recupera ou melhora das condições que justificaram o acompanhamento pelo SAD.
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Encaminhamento para a Atenção Básica (AD1): Quando o paciente não precisa mais do cuidado especializado do SAD e pode ser acompanhado pela equipe do posto de saúde.
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Em algumas situações, pode ocorrer o óbito do paciente em domicílio, com o acompanhamento da família.
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Em outros casos, pode haver alta administrativa por motivos como mudança de endereço, recusa do acompanhamento ou impossibilidade de permanência do cuidador.
O SAD também tem metas de desempenho, como garantir que uma porcentagem dos pacientes admitidos venha de hospitais e serviços de urgência e que uma porcentagem dos casos tenha como desfecho a alta clínica ou o encaminhamento para a Atenção Básica.
Em resumo...
O Serviço de Atenção Domiciliar é uma forma inteligente e humana de levar o cuidado de saúde para dentro da casa das pessoas. Ao descomplicar o acesso a tratamentos e acompanhamentos, o SAD oferece mais conforto, autonomia e qualidade de vida para os pacientes e suas famílias. É como ter um pedacinho do hospital ou do posto de saúde, pertinho de você, no aconchego do seu lar.